Mudar é tudo isso mesmo.
- Amanda Avalon
- 25 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Pânico. Eu fiz uma escolha!
Antes, eu não estava com medo, tinha apenas entusiasmo, a excitação genuína de saber que essa escolha veio do meu coração, honrando uma escolha que a minha alma já tinha escolhido há tempos.
Antes, não havia receio, porque desta vez a escolha não foi no impulso. Diferente dos tantos saltos às cegas que já dei na minha vida, muito mais por falta de opção do que por decisão, esta foi uma escolha cuidada: pensada, refletida, respirada, organizada.
Antes, o pavor não existia porque o momento da escolha não era o agora; era algo para um depois, um horizonte distante, enquanto eu ainda seguia no automático da mesma rotina de sempre.
Mas então, como quem fecha os olhos para não ver o abismo, comecei a agir como se não tivesse escolhido. Preenchi meus dias com urgências e distrações, empilhei compromissos e tarefas até o limite, tudo sob a desculpa de "me preparar" para quando chegar o momento. A verdade, porém, era outra: eu queria adiar o confronto com um fato simplesmente imenso...
Estou em pânico. Porque fiz uma escolha. E ela é gigante!
Ainda não chegou o dia. Mas, pela primeira vez, me vi pensando: faltam duas semanas.
Meu coração tropeçou dentro do peito, perdeu o compasso.
Minha cabeça me lançou 298 perguntas ao mesmo tempo, todas terminando na mesma: Você tem certeza disso? Você tem certeza disso? Você tem certeza….?
Tento, com pouco sucesso, acalmar essa fera arisca e indomável que é minha mente ansiosa. Digo ao meu corpo, em lento tom, por entre inspirações profundas:
Não, nós não temos certeza de nada. E tá tudo bem. A gente vai dar um jeito nisso, como a gente sempre deu um jeito em tudo!
Às vezes, me pego olhando escondida para o meu gato e para minha irmã, ambos imersos na simplicidade dessa rotina que ainda é nossa, e deixo escapar uma lágrima silenciosa que escorrega meu rosto gritando que vai sentir saudades.
Outras vezes, choro dentro do capacete da minha moto, cruzando as mesmas ruas de sempre, aquelas que eu sequer dava importância, mas que agora, em cada curva, carregam o peso de uma possível despedida.
Hoje chorei também ao ouvir a risada de gente que eu amo, enquanto repetiam as mesmas piadas de sempre, aquelas que já me fizeram rir tantas vezes e que nunca perderam a graça. Hoje, ainda são engraçadas, mas também são tristes, porque preciso admitir: Na maioria das vezes não dá para ter tudo o que a gente quer muito na vida, ao mesmo tempo.
Esses dias tão diferentes por precederem um limiar definitivo, e tão comuns por serem cheios desse tempo que voa nas eternidades diárias, agora parecem sussurrar: está chegando! E aqui estou eu, tentando domar esse animal selvagem que se contorce dentro das minhas entranhas, dizendo a ele: Sim, eu sei, mudar é tudo isso mesmo - é incerto! Não fazemos a menor ideia do que vem pela frente, mas ainda assim, precisamos continuar e arrumar um jeito de aprender a conviver com isso.
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